quinta-feira, setembro 01, 2005

Tavira perante o futuro – 2


(Publicado na edição de 1 de Setembro de 2005 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

A qualidade de vida e a saúde dos cidadãos dependem directamente das condições ambientais do território e da envolvência dos seus locais de residência e de trabalho, sendo hoje factores determinantes para a competitividade dos municípios na captação de recursos e de investimentos geradores de emprego e riqueza.

Infelizmente, nem sempre crescimento é sinónimo de desenvolvimento. A ocupação anárquica do território, a contaminação progressiva do ar, da água e do solo, a proliferação de actividades ruidosas, a saturação do espaço público, a degradação das zonas verdes, o desperdício de água e de energia devem ser evitadas…

Hoje é essencial que cada município seja capaz de estabelecer pactos de cidadania para a sustentabilidade, devidamente fundamentados em Agendas 21 Locais, que conjuguem a participação pública, a criação de parcerias, a consciencialização dos cidadãos e a educação ambiental com a dimensão ecológica nas políticas municipais.


Cada vez mais, os eleitores vão estar atentos às questões relacionadas com o ambiente e a conservação da natureza. As novas políticas municipais devem ser estabelecidas com base numa visão integrada e culta das vertentes económica, social e ecológica. Mais do que nunca, serão bem-vindos os incentivos ao uso racional da energia e o apoio à produção e utilização das energias renováveis. A promoção de acções para o eficiente uso da água, penalizando o desperdício e incentivando a reutilização das águas residuais depuradas para a rega de parques, jardins e campos de golfe e lavagens da via pública e de automóveis são cada vez mais urgentes!

A multiplicação e animação dos espaços verdes é uma exigência crescente das populações urbanas. Com cidadãos conscientes do valor do património natural, o abandono das florestas públicas será cada vez menos tolerado, exigindo-se uma postura proactiva na sua gestão e a sua utilização como espaço privilegiado de ensino e de lazer das comunidades. Propriedade do município de Tavira, a Mata Nacional da Conceição merece uma aposta renovada integrando-a na estrutura ecológica do concelho!

A qualidade de vida também pode medir-se em decibéis, pelo que é fundamental reduzir a poluição sonora, evitando a conflituosidade dos locais de animação nocturna com as áreas residenciais e retirando mais veículos do centro da cidade. Para tal, mostra-se necessário avaliar a “rede” de transportes públicos, a ligação da cidade com as freguesias e os municípios vizinhos – e o metro de superfície?! - e concretizar a criação de parques de estacionamento na periferia.

Aqui bem perto de nós, em Ayamonte, foi adoptado outro conjunto de políticas que também vai no sentido de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes. Designado por “Município Saudável”, este projecto visa colocar a saúde na agenda dos decisores políticos locais e construir um forte grupo de pressão a favor da saúde pública.

Trata-se de um mecanismo popular e efectivo para promover políticas e programas baseados na estratégia “Saúde para Todos” e cuja implementação deverá iniciar-se pela elaboração do Plano Municipal de Saúde, onde estejam identificadas as estruturas e as condicionantes da saúde, de modo a desenvolver uma abordagem intersectorial dos problemas da saúde e operacionalizar as estratégias municipais para a resolução dos problemas considerados mais relevantes.

Bons exemplos e boas práticas não faltam, basta estar atento e seguir o caminho!

3 comentários:

Miguel disse...

Bons exemplos e boas práticas exigem-se!
Bom FDS!

Bjs da Matilde

Anónimo disse...

Num final de tarde magnífico, o sr. vitalino (ou será v(a)itorino?!) decidiu inaugurar uma exposição no Jardim da Doca. Decidiu e disse aos servos que o acompanhassem, porque já bastava de andar sozinho e poderia parecer mal. Eram seis, incluindo o comandante do gabinete, o fotógrafo municipal e um filmador de ocasião. Eram horas e os escribas da imprensa não apareciam. Era certo que andavam ocupados noutras tarefas. Esperou e amuou, pois tinha decidido as horas e já ninguém respeitava as directivas presidenciais.Olhava para o relógio e esperava por mais fotógrafos e escribas, mas ninguém aparecia. "Se tivesse ido ao Estádio, sempre tirava uma fotografia com o Scollari e o Ricardo", pensou com os botões do fatinho cinza nº 2 que tinha escolhido para a ocasião. "Com o Ricardo, não, ainda pensam que também dou perus e frigoríficos", retrocedeu acabrunhado enquanto olhava outra vez o relógio presidencial. Chamou um servente, mandou distribuir aquela revista de Janeiro que tinha a fotografia com o Figo e dizer aos responsáveis da exposição que alinhassem, que o séquito ia já sair. Já passava da hora e tinha mais uma inauguração para fazer, ainda era obra dos outros mas não importava nada, quem inaugurava eram eles, o sr. vitalino e o seu ego. E lá seguiram poucos e tristes, pois não havia povo para saudar nem comunicação social para mostrar as manitas bem limpinhas e as unhas bem arranjadas. Cumprimento dengoso aqui, sorriso amarelo além, a comitiva passava sem deixar marca nem perder tempo. "Onde andam os artistas? Deixo-os exporem as suas obras na sala de visitas da cidade e nem aparecem?". A pergunta repetia-se debaixo da poupa em permanente, estranhando ausências e carente de veneração e babanços. De repente, surge uma multidão ao fundo. "São eles, são eles" animou-se secretamente. "O meu pobre povo, sairam tarde do trabalho, estiveram no cabeleireiro a esmerar-se, é o momento das suas vidas, parece-me justificado o atraso, afinal vem encontrar-se comigo..." disse ao esbelto efebo que o acompanhava e à auxiliar da cultura. A mole humana aproximava-se. "E os jornalistas, também vêm todos, que bom, que bom" comentou. "Ajeitem as gravatas e as melenas, vamos tirar um retrato, actuem naturalmente" ordenou. Mais um sorriso amarelo, um cumprimento reverente. "Em Outubro, há votos, não se esqueçam de mim" murmurou. Teatralmente, virou-se para cumprimentar as gentes que chegavam, para espalhar o seu charme e tirar uma fotos bem acompanhado. "Oh não, este não, nem pensar..." pensou e fugiu, esgueirando-se por entre o fotógrafo e o filmador para dentro de uma barraca. Uma salva de palmas rebentou na multidão, coroando a atitude mal educada e o gesto de mau perdedor do sr. v(a)itorino. O comandante assistiu cabisbaixo a tudo de longe e tentou remediar os estragos. Mas era impossível, a superioridade numérica dos adversários era insuportável. "Eles são como num rio, nem a polícia toda nos salvava" suspirou com os seus botões. V(a)itorino, vai para longe e deixa Faro ser Capital!

Anónimo disse...

Caro JG!

Congratulo-me pelo exemplo dado de autarquias do país vizinho em matéria de Políticas Municipais de Saúde.

Mas recordo que desde Ottawa (1º conferência internacional sobre a promoção de saúde), em 1986, estipulou-se o desenvolvimento de políticas comunitárias para a alimentação e nutrição nas populações...em todo o Mundo!

Em relação à Europa a OMS desenvolveu a rede das cidades saudáveis em que as autarquias têm um papel activo na promoção da sáude pública dos seus munícipes...
Com casos de sucesso em Valência, Verona...só para citar alguns!!!

Em Portugal, esta rede só tem 11 autarquias ...!! será que as restantes 297 autarquias não se preocupam com o bem-estar da comunidade, ou os projectos de promoção de alimentação e nutrição regionais não justificam as receitas...

Contudo existem bons exemplos de políticas de Municipais de Saúde, casos do Seixal, Loures e governo regional da Madeira...

Onde a presença ou colaboração de NUTRICIONISTAS permitem o planeamento de políticas Municipais de Saúde activas...e com resultados sucesso para as populações!

Um abraço!