(Publicado na edição de 16 de Setembro de 2004 do jornal BARLAVENTO)
O insucesso das políticas de Durão Barroso e a maquilhagem excessiva das contas de Manuela Ferreira Leite, conjugadas com a incapacidade de Santana Lopes para governar o País está a fazer perder a cabeça à maioria dos pares no Governo.
Escudando-se na justiça efectiva do princípio do utilizador / pagador, o novo ministro das Obras Públicas fez tábua rasa dos compromissos assumidos em Maio por Carmona Rodrigues e anunciou um estudo para promover a implementação de portagens na Via do infante.
Para além da grave quebra de uma promessa governamental, prejudicando mais uma vez a imagem dos políticos, a implementação das portagens na Via do Infante é um profundo erro.
A via longitudinal do Algarve não tem as características técnicas e de serviço de uma auto-estrada, não tem uma alternativa rodoviária de qualidade e as portagens tratam-se de um sinal contrário ao desenvolvimento equilibrado sustentado da região, prejudicando famílias e empresas, agravando os constrangimentos existentes nas ligações intra-regionais e interurbanas e forçando investimentos superiores a 60 milhões de euros só para colocar mais de uma dúzia de praças de portagem!
Pelos vistos, António Mexia não conhece a Estrada Nacional 125 ou ainda não caíram em cima da sua secretária os processos de modernização e de investimento urgente desta via “urbana” do Algarve, suspensos há mais de dois anos. Será que é necessário algum documentário nalguma televisão inglesa para despertar o seu interesse?!
Onde está parado o processo de municipalização da EN125 em Vila Real de Santo António, melhorando a travessia das Hortas e da Aldeia Nova, já com financiamentos comunitários assegurados?! E a beneficiação do traçado entre a Penina e a Mexilhoeira Grande já está concluída?!
Quando arrancam as obras de beneficiação das pontes de Tavira e de Portimão, entre muitas outras, consideradas pelo Instituto das Estradas de Portugal (IEP) como fundamentais para garantir a sua segurança?!
E a eterna ligação desnivelada de Loulé a Quarteira, quando é que sai do papel?! E a conclusão da obra inacabada da variante de Faro e o arranque da variante norte de Loulé, esperarão pelas Autárquicas de 2005?! E a variante de Olhão, será a bandeira eleitoral do candidato do PSD?!
E as inúmeras rotundas, pequenos alargamentos e desnivelamentos e outras medidas de redução da sinistralidade rodoviária, que seriam financiadas com as receitas provenientes das multas e contra-ordenações?!
Para nós, alguém anda a boicotar os esforços dos autarcas algarvios e do próprio IEP!
Já nem quero falar dos resultados do estudo de viabilidade técnica e financeira anunciado para Setembro por Carmona Rodrigues sobre a imprescindível beneficiação da rede ferroviária e da criação do metro de superfície e/ou de comboio ligeiro, assegurando uma ligação moderna e de qualidade ao Aeroporto de Faro, aos pólos universitários e ao Parque das Cidades das principais cidades algarvias.
Será que os algarvios estão a ser penalizados por terem votado maioritariamente no PS nas Legislativas de 2002 e nas últimas Europeias?! Será por isso que não foi atribuído o estatuto de calamidade pública nas áreas afectadas pelos incêndios do último Verão?!
A introdução das portagens na Via do Infante é um erro grave, prejudicando a circulação no interior da região e atirando cada vez mais algarvios para as lojas e restaurantes da vizinha Espanha, onde já muitos adquirem o combustível para as suas viaturas nas suas deslocações gratuitas por auto-estrada até Sevilha ou até onde bem queiram…
PS - O meu parceiro da coluna Frente e Verso no Barlavento refere que Cavaco Silva também já tinha assumido este compromisso. Afinal, é ainda pior!
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