quinta-feira, março 03, 2005

Governar para todos

(Publicado na edição de 3 de Março de 2005 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

Nas eleições de 20 de Fevereiro, os portugueses escolheram a mudança e quiseram acreditar que é possível ter um rumo. Sem excepções, os partidos da esquerda do espectro político cresceram e os da direita foram penalizados nas urnas. Há que meditar sobre isto…

Procurando desculpas, umas mais esfarrapadas do que outras, a maioria dos analistas e dirigentes afectos ao bloco governamental optaram por classificar os resultados eleitorais como de rejeição dos sacrifícios e das dificuldades dos últimos três. Pura ilusão!

Sem excluir essa possibilidade, para ser honesto não posso deixar de sublinhar que as propostas dos partidos da esquerda e a vontade de mudar foram determinantes para congregar a torrente de votos que deu a maioria absoluta ao Partido Socialista.

Sem iludir ninguém sobre as dificuldades que se avizinham nem prometendo um paraíso impossível, José Sócrates foi cirúrgico nas suas intervenções e definiu prioridades que foram ao encontro das necessidades dos portugueses. Vai ser Primeiro-Ministro enquanto mantiver esta determinação e souber motivar os portugueses para as grandes causas nacionais!

Já escrevemos aqui que Portugal precisa de uma classe política mais competente e de renovar os seus protagonistas. Esperamos que o próximo Governo tenha uma dimensão adequada à crise que devemos enfrentar, a estrutura certa para um combate sem tréguas contra a burocracia e a desmotivação e as pessoas exactas para vencer desafios e cumprir objectivos!

Os portugueses e a nossa economia não suportam mais erros de “casting” nem desperdício de meios e recursos. Os erros mais longínquos e os mais recentes devem ser considerados para não serem repetidos. A confiança na classe política depende do esforço de cada um de nós, mas acima de tudo de um Governo que trabalhe para todos…

Compreendemos que, apesar de entrarmos num novo ciclo político, é difícil mudar radicalmente os maus hábitos adquiridos ao longo de anos. Mas, seria conveniente dar alguns sinais, de garantir o primado do interesse público, dos princípios e dos valores na prática quotidiana. Conquistada a maioria absoluta através da conquista do centro político, o PS não pode desbaratar esta oportunidade histórica esquecendo as causas da esquerda. Seria imperdoável!

Não podemos esquecer os erros, os vícios e as disfuncionalidades que levaram à erosão fatal das maiorias de Cavaco Silva em 1995. Nem agora, nem nos próximos tempos…

Como bem lembrou António Vitorino durante a campanha eleitoral, os próximos tempos vão ser difíceis, há reformas impopulares para executar e os portugueses têm de suportar mais alguns sacrifícios, mas tudo deve ser explicado com rigor e transparência, de forma que cada um possa perceber qual é o seu papel e saiba qual pode ser o seu contributo.

Os primeiros dias já provaram que José Sócrates está empenhado em mostrar as diferenças com o passado recente, não deixando que o processo de composição do elenco governamental seja feito na praça pública e garantindo que a estrutura partidária mantenha elevados níveis de autonomia e de operacionalidade. Para enfrentar com sucesso os próximos desafios, Portugal precisa destes sinais!

3 comentários:

Anónimo disse...

Julgo que qualquer mudança implica isso mesmo. Mudança.

Mas, acho que cada vez mais em Portugal, estamos na presença de um caso urgente de Re-engenharia e não de implementar um TQM (Total Quality Management) a nível governamental.

Fala-se tudo de bom e que se melhora e que se melhora ainda mais.

Mas... o problema já está na origem. Aí entra a tão necessária re-engenharia.

Pois, o que se vislumbra em Portugal, já remonta à nossa própria cultura de "apontar o dedo".

Notem no Típico habitante sentado de forma abusiva no sofá como rei e senhor deste mundo, julgando-se detentor de um conhecimento acima da média. Quando na realidade o conhecimento não passa de um clicke no comando.

Em Portugal reina algo que não tem nada de monárquico. O egoísmo e analfabetismo cultural e social/moral é grave, não falando das restantes áreas.

Independentemente da força política ou equipa em maioria que comande o governo, este país nada será se não forem repensadas situações como a Cultura e a Educação.

Anónimo disse...

Julgo que qualquer mudança implica isso mesmo. Mudança.

Mas, acho que cada vez mais em Portugal, estamos na presença de um caso urgente de Re-engenharia e não de implementar um TQM (Total Quality Management) a nível governamental.

Fala-se tudo de bom e que se melhora e que se melhora ainda mais.

Mas... o problema já está na origem. Aí entra a tão necessária re-engenharia.

Pois, o que se vislumbra em Portugal, já remonta à nossa própria cultura de "apontar o dedo".

Notem no Típico habitante sentado de forma abusiva no sofá como rei e senhor deste mundo, julgando-se detentor de um conhecimento acima da média. Quando na realidade o conhecimento não passa de um clicke no comando.

Em Portugal reina algo que não tem nada de monárquico. O egoísmo e analfabetismo cultural e social/moral é grave, não falando das restantes áreas.

Independentemente da força política ou equipa em maioria que comande o governo, este país nada será se não forem repensadas situações como a Cultura e a Educação.

Anónimo disse...

Julgo que qualquer mudança implica isso mesmo. Mudança.

Mas, acho que cada vez mais em Portugal, estamos na presença de um caso urgente de Re-engenharia e não de implementar um TQM (Total Quality Management) a nível governamental.

Fala-se tudo de bom e que se melhora e que se melhora ainda mais.

Mas... o problema já está na origem. Aí entra a tão necessária re-engenharia.

Pois, o que se vislumbra em Portugal, já remonta à nossa própria cultura de "apontar o dedo".

Notem no Típico habitante sentado de forma abusiva no sofá como rei e senhor deste mundo, julgando-se detentor de um conhecimento acima da média. Quando na realidade o conhecimento não passa de um clicke no comando.

Em Portugal reina algo que não tem nada de monárquico. O egoísmo e analfabetismo cultural e social/moral é grave, não falando das restantes áreas.

Independentemente da força política ou equipa em maioria que comande o governo, este país nada será se não forem repensadas situações como a Cultura e a Educação.