(Publicado na edição de 6 de Janeiro de 2005 do jornal BARLAVENTO)
Os números do desemprego, a situação na saúde, a quebra do poder de compra, a incerteza das reformas e a incompetência na educação marcam a memória de 2004. Apesar dos sacrifícios exigidos aos portugueses, não há retoma nem sinais que alimentem a esperança.
Os algarvios envolvem-se outra vez na discussão das vantagens da regionalização, com debates sucessivos sobre as novas associações de municípios. Ultrapassados os ímpetos divisionistas de Miguel Relvas, houve unanimidade na opção que dá mais garantias no futuro – a grande área metropolitana – apesar de precisarmos urgentemente da verdadeira descentralização!
No dia 30 de Maio, Durão Barroso chega de comboio para assinalar a conclusão dos trabalhos da ligação do alfa pendular entre Faro e Braga, com passagem pela Ponte 25 de Abril. Depois da inauguração da auto-estrada em 2003, há boas razões para recordar João Cravinho e Jorge Coelho!
Com apenas três jogos no Estádio do Algarve, o Euro2004 foi um sucesso nas várias vertentes – organização, competição, mobilização e participação dos portugueses. Resta-nos agora definir com urgência o que fazer com o Estádio e com o Parque das Cidades. Surgem dúvidas sobre a construção do Hospital Central do Algarve, indispensável para a criação da Faculdade de Medicina 25 anos depois do Hospital Distrital e da Universidade, seria conveniente que fossem cabalmente dissipadas até 20 de Fevereiro!
Derrotado nas eleições para o Parlamento Europeu e concluída a festa do Euro, Barroso baldou-se para Bruxelas e o país político começa a arder.
Os incêndios florestais de Julho e de Agosto devoram hectares de floresta insubstituível e demonstram um Governo à deriva, arrogante e prepotente, incapaz de enfrentar a calamidade e a tragédia que se abateu sobre as gentes de Loulé, Silves, São Brás de Alportel, Castro Marim e Tavira!
Setembro e Outubro ficam na história pela abertura do ano lectivo mais caótica dos últimos trinta anos, que marca um Governo sem noção de responsabilidade e sem sentido de futuro. Cometidos os erros, aprenda-se com a experiência, para que nunca mais se repita!
Graças à Via do Infante, as estradas algarvias andaram mais calmas ao longo de 2004, com menos acidentes e menos vítimas mortais. Graças a este (des)governo, o dia 12 de Novembro fica marcado pela unanimidade regional contra a introdução de portagens!
Politicamente, assinalem-se os regressos de Mendes Bota ao activo e de Carlos Carvalhas ao retiro de Santo Estêvão.
Apesar do Euro2004, este acabou por ser o pior ano turístico de última década, marcando quatro anos de descida progressiva na ocupação hoteleira. Extremamente dependente do sector, a economia regional ressentiu-se e os níveis do desemprego crescem sem parar desde Agosto. No dia 20 de Fevereiro, é tempo de mudar de vida!
Em termos culturais, foi o cinema quem mais ordenou. Kiss Me, rodado em Tavira, e Costa dos Murmúrios, baseado na obra homónima de Lídia Jorge, mostram que há matéria-prima para fazer bom cinema em português, embora o publico continue a rarear!
Este foi também o ano da passagem de Humberto Fernandes e de Sophia de Mello Breyner, para além de Sousa Franco; Maria de Lurdes Pintassilgo ou de Carlos Paredes. Sentimos saudades deles!
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