(Publicado na edição de 14 de Abril de 2005 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
O prolongamento do período de seca está a deixar os algarvios à beira de um ataque de nervos, preocupados com as limitações ao consumo e com o inevitável aumento dos custos de fornecimento. Infelizmente, nem todos…
O prolongamento do período de seca está a deixar os algarvios à beira de um ataque de nervos, preocupados com as limitações ao consumo e com o inevitável aumento dos custos de fornecimento. Infelizmente, nem todos…
No final do Verão de 2004, atabalhoada e descuidadamente, um membro do anterior Governo alertou os algarvios para as previsíveis carências de água e para as suas consequências, alarmando os mercados turísticos e gerando uma imagem negativa do Algarve, já de si debilitada pelas vagas consecutivas de incêndios.
Em vez de aproveitarem a discussão que se gerou para consciencializar as populações para a raridade dos recursos hídricos, os principais agentes políticos regionais tentaram desvalorizar a questão e preferiram fazer de conta que nada acontecia. De facto, até as obras da barragem de Odelouca continuaram paradas…
Com uma importância estratégica para a economia da região, os processos de captação, tratamento e distribuição de água potável sempre estiveram na primeira linha das intervenções governativas no Algarve. Apesar disso, perante uma situação de seca prolongada, os níveis das barragens existentes descem assustadoramente e as operações de racionamento sucedem-se, com efeitos irreversíveis na produção agrícola e nas estruturas sócio-económicas do Algarve.
No domínio dos recursos hídricos, o desenvolvimento sustentado do Algarve depende prioritariamente da conclusão das redes de captação e distribuição de água e da gestão racional dos recursos existentes. No primeiro caso, através da construção das barragens de Odelouca e da Foupana e da ligação às barragens alentejanas de Santa Clara e do Alqueva. Por outro lado, investindo na redução das perdas do sistema, actualmente perto dos quarenta por cento da água recolhida e tratada, e na reutilização das águas residuais tratadas nos sistemas de rega dos campos de golfe e espaços públicos.
Paralelamente, é fundamental investir em campanhas de sensibilização para boas práticas de consumo e poupança, em especial junto dos grandes consumidores e das populações escolares, perspectivando uma evolução comportamental mais amiga do ambiente e dos recursos hídricos.
Contudo, tal missão será infrutífera se continuarmos a gastar água como se tratasse de um recurso inesgotável, regando os jardins e as vias públicas nas horas de maior calor, entre outras atitudes incorrectas. Como acontece frequentemente em Faro!
1 comentário:
Pois é. A água, os furos, as captações. Já pensaram no que fizeram ao Algarve? Transformaram-no numa imensa Quarteira, num permanente estaleiro de construção civil. Ultrapassaram todos os limites de densidade de construções, transformaram o paraíso que era o Algarve numa zona turística, onde só resta uma ou outra ilha para os muito ricos.
E quem autorizou isso? Os grandes autarcas do betão.
E os campos de golf? Onde vão buscar água para os regar?
Espero que um dia esses autarcas possam ser severamente julgados pelos danos causados e pela ganância do metro quadrado.
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