(Publicado na edição de 14 de maio do Algarve Informativo)
Bastaram meia dúzia de dias de chuva
para revelar a fragilidade total do piso da estrada nacional 125 (EN125), entre
Olhão e Vila Real de Santo António, deixada ao abandono pelas Infraestruturas
de Portugal (e entidades antecessoras). É esta a alternativa à A22-Via do
Infante, senhores?!
Com as obras de beneficiação da EN125 em curso nos concelhos de Albufeira e Loulé, é bom recordar que o anterior Governo desistiu do Sotavento do Algarve...
Quase dois anos depois da primeira
revisão do contrato, o Governo anunciou em maio de 2014, através das Estradas
de Portugal (atualmente Infraestruturas de Portugal, após fusão com a REFER),
que havia acordado com a Rotas do Algarve Litoral, a revisão das cláusulas de
despesa e investimento previstas no âmbito da subconcessão da estrada nacional
125, na véspera da eleição do Parlamento Europeu.
Nessa altura, numa manobra claramente
eleitoralista, o Governo anunciou para julho seguinte, no pico do Verão, o
arranque das obras suspensas desde o início de 2012, dando ênfase às alegadas
poupanças financeiras decorrentes desta segunda renegociação irresponsável, e
deixou cair a requalificação dos troços do Sotavento do Algarve, excluindo os
concelhos de Olhão, Tavira, Castro Marim e Vila Real de Santo António, depois
de já ter abandonado os projetos das variantes de Olhão e da Luz de Tavira na
anterior revisão.
Esta evolução incompreensível do
processo apenas poderia ser justificada pelo desespero pré-eleitoral e por uma
derrota anunciada, pois o Governo faz tábua rasa dos compromissos assumidos com
os algarvios sobre a requalificação total da EN125, apresentada em 16 de março
de 2008 por José Sócrates como a primeira intervenção estratégica de
requalificação integral de uma Estrada Nacional.
Apesar do avançado estado de degradação
do pavimento e das zonas envolventes, o Governo e as Estradas de Portugal
discriminaram negativamente os concelhos do Sotavento algarvio e do Baixo
Guadiana, já seriamente prejudicados pelo acréscimo de tráfego provocado na
sequência da introdução de portagens na A22-Via do Infante ou pelo adiamento da
conclusão do IC27, transformado num beco sem saída.
Pior, por inúmeras vezes foi anunciada a
criação de um novo nó de acesso à A22-Via do Infante em Santa Rita, no limite
dos concelhos de Tavira e VRSA, com financiamento privado assegurado. Serviria
essencialmente para facilitar ao acesso aos empreendimentos turísticos e aos
campos de golfe de Cabanas e Conceição de Tavira e Vila Nova de Cacela, mas
seria igualmente importante em matéria de segurança rodoviária, dado tratar-se
do maior troço contínuo com mais de vinte quilómetros.
Para prejudicar ainda mais a
competitividade económica do Sotavento, refira-se que entre os nós da Pinheira
(Castro Marim) e de Estoi (Faro) todos os troços são pagos, enquanto as
ligações Estoi (Faro) – Loulé Nascente e Loulé Poente – Vilamoura (Loulé) são
gratuitas, com as inerentes vantagens nas deslocações de pequena distância.
Porque não isentar de pagamento o troço central entre Tavira e Olhão e incluir
as bombas de combustível nesse troço no programa experimental de redução dos
preços para os transportes internacionais de mercadorias, tal como sucede nas
zonas fronteiriças do norte e centro de Portugal?! Penso que, para além de reduzir
o trânsito na EN125 naquela zona, seria mais um fator de atração para as áreas
empresariais de Tavira e Olhão, localizadas no início dos respetivos acessos…
Para quem está nestes processos há mais
de vinte anos, o estado atual das acessibilidades justifica mais do que nunca
uma intensificação da luta dos representantes das populações, principalmente
numa fase da economia nacional em que se aposta na criação de emprego e no
desenvolvimento sustentável das nossas comunidades locais e regionais. Já agora,
quer um buraco?! Temos que cheguem para todos… e não aceitamos devoluções!!!
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