sábado, outubro 24, 2009

Descanse mais um pouco...

Os relógios vão recuar uma hora na próxima madrugada, dando início ao horário de Inverno, que se prolongará até Março de 2010, altura em que se regressa à hora de Verão. Durma bem!

1 comentário:

OBSERVADOR disse...

Segurar as rédeas dotempo tem muito que se lhe diga
in, Público, 2009.10.24, por Ana Rita Faria

Com o atraso dos relógios esta noite, os pais não terão de levar os filhos para a escola de noite e os empresários perderão uma hora para negociar com a Europa. Afinal por que muda a hora (e o que acontecia, se não mudasse?)

Deixemo-nos de ilusões. Este é um assunto em que não parece possível chegar a consenso para saber quem sofre mais: se o funcionário público que sente que o dia já acabou quando chega a casa às 18h e é noite, ou a criança que vai para a escola antes do raiar do sol. Ou seja, o que é que custa mais: continuar a mudar a hora para o Inverno (logo à noite os relógios atrasam uma hora, das 2h para a 1h) ou deixar os ponteiros como estão, para alinhar pelo horário da Europa Central, como já aconteceu na década de 90. Resta, pois, fazer o mesmo que se tenta fazer com outros mistérios insolúveis da vida: tentar perceber por que acontece assim e não ao contrário.

Se bastasse ler a história para entender a razão da mudança da hora, a resposta seria fácil. Tudo começou com Benjamin Franklin, o político e inventor do pára-raios e das lentes bifocais. Em 1784, num artigo publicado num jornal francês, Franklin sugeria que a França adiantasse uma hora no Verão, alegando que Paris poderia poupar anualmente 32 mil toneladas de cera de vela. Só mais de um século depois é que a sugestão seria tida em conta, no contexto da Primeira Guerra Mundial, para economizar energia.

Os governos europeus decidiram, assim, adiantar os seus relógios uma hora, inaugurando a chamada "hora de Verão". Consequentemente, os dias passaram a acabar mais tarde e menos energia era consumida. Mas, com o desenvolvimento das sociedades, o pretexto de poupança energética perdeu força e deixou de justificar por si só mudanças no compasso do tempo. Por isso, se hoje quisermos explicar por que muda a hora em Portugal, teríamos de partir de um palavrão - a cronobiologia, ciência que estuda os ritmos biológicos.

"Ao atrasarmos agora uma hora vamos regressar ao ponto mais próximo da hora solar, da qual estamos actualmente desfasados 1h37, devido ao horário de Verão", explica Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa, instituição responsável pela hora legal do país. Portugal, ao alinhar-se pelo meridiano de Greenwich tal como acontece com a Grã-Bretanha e Irlanda, está sempre pelo menos 37 minutos desfasado em relação à hora solar e é esta pequena diferença que passaremos a ter a partir de amanhã.

"Se agora não fizéssemos a transição para a hora de Inverno, manter-se-ia um desfasamento de 1h37, mas teríamos os relógios alinhados com a restante Europa Central", que se guia pelo meridiano de Berlim, adianta Rui Agostinho. Isso faria com que só amanhecesse por volta das 9h00 e que sol se pusesse uma hora mais tarde do que amanhã.

Além disso, quando chegasse o Verão e fizéssemos o normal adiantamento da hora, ficaríamos ainda mais desfasados em relação à hora solar (2h37). "Só ficaria céu mesmo escuro à uma da manhã", resume o director do Observatório. Portugal viveu essa experiência entre 1992 e 1996, durante o Governo de Cavaco Silva, mas acabou por voltar atrás devido a um turbilhão de protestos. O problema, invocaram na altura cientistas e médicos, era o facto de o desfasamento em relação à hora solar trocar as voltas ao nosso relógio biológico.

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