quinta-feira, outubro 15, 2009

Arranca hoje um novo ciclo político...

Concluídos três processos eleitorais com resultados diferenciados, a Assembleia da República inicia hoje funções, sem ninguém do Sotavento algarvio no plenário de São Bento...

Pelo contrário, foi um tavirense que ontem esteve na mira dos fotógrafos na sessão preparativa da XI Legislatura e da recepção ao novos eleitos do Povo, conforme podemos ver em Parlamento Global. Aos novos eleitos algarvios apenas relembramos que estamos conscientes dos seus compromissos e que vamos seguir atentamente as suas prestações!

2 comentários:

OBSERVADOR disse...

Jaime Gama reeleito presidente da Assembleia da República

in DN.pt

Jaime Gama foi hoje reeleito presidente da Assembleia da República com os votos favoráveis de 204 dos 228 deputados que participaram no escrutínio que decorreu no Parlamento.

Na votação, na qual dois dos 230 deputados não votaram, registaram-se 24 votos brancos.

O deputado socialista necessitava de pelo menos 116 votos para ser eleito.

A proposta de recondução de Jaime Gama foi inicialmente formalizada por uma lista de deputados das duas maiores bancadas parlamentares, o PS e o PSD, a que se associou a direcção do grupo parlamentar do CDS-PP - as bancadas do BE e do PCP apoiaram também a recandidatura, apesar de não terem subscrito a lista.

Para a votação, os deputados foram chamados um a um para depositar o seu voto numa urna colocada em frente à mesa onde se senta o presidente do Parlamento.

O PS tem nesta legislatura 97 deputados, o PSD 81, o CDS-PP 21, o BE 16 e a CDU 15.

Em 2005, Jaime Gama foi eleito presidente da Assembleia da República com 197 dos 229 votos expressos pelos parlamentares.

Na altura, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de António Guterres sucedeu ao social-democrata Mota Amaral na presidência da Assembleia da República. Em 2002, Mota Amaral fora eleito com 163 votos favoráveis.

OBSERVADOR disse...

Política, políticos e vontade,
por Pedro Marques Lopes, in DN, 2009.10.18

Na última semana, 230 representantes do povo entraram em funções. Não é fácil imaginar maior honra. Milhões de portugueses delegaram nestes homens e mulheres as suas esperanças e anseios; depositaram confiança nas suas escolhas; colocaram durante quatro anos, no fundo, nas suas mãos o seu próprio destino e o dos seus filhos.

Mas a esta honra corresponde uma igual responsabilidade. Aos deputados exige-se - além do cumprimento estrito das promessas que fizeram ao eleitorado - uma dedicação à causa pública muito para lá da definida no seu estatuto legal: integridade, disponibilidade, respeito pela sua e pela opinião dos outros e demais obrigações de quem tem de pensar primeiro no povo que representa do que em si próprio.

São todos políticos e, no entanto, arrisco dizer que muitos, mesmo muitos, se perguntados, negarão esse estatuto. Esquecem-se da nobreza associada à função que, de facto, exercem. São os que deixam embalar pela mesquinhez de quem nega um passado e um presente ligado à política contribuindo assim para o desprestigio e apoucamento de uma das mais belas e altruístas actividades humanas. São, sobretudo, os que têm vergonha de dizer que são políticos ou o descaramento de dizer que não o são, que mais fazem para que os cidadãos percam a confiança em quem os representa e na própria democracia.

Oliveira Salazar sempre negou ser político.

Não faltam definições para a palavra política mas na sua real essência está sempre subjacente o fundamental: servir o outro. Será isto pouco digno?

Claro está que como em todas as profissões há bons e maus políticos. Como há bons e maus jornalistas, gestores, engenheiros, advogados, cronistas, polícias, juízes, professores, actores. Há até um cavalheiro ex-ministro e ex-titular dos mais altos cargos em Portugal e na Europa que decide insultar os que o elegeram e ser deputado apenas por meia hora - pode ser que a Dra. Ferreira Leite comece agora a entender algumas das razões das suas derrotas.

Chega a ser patético ouvir desbragados populistas ou apenas ignorantes a clamar contra os chamados profissionais da política. Será isto um crime? Será que facto de se exercer a tempo inteiro esta profissão diminui uma pessoa no que quer que seja? Digam-me quais os grandes políticos europeus, por exemplo, que não são profissionais - será Berlusconi uma boa referência para aqueles?

E que dizer de quem passa a vida a dizer que os políticos ganham demais? Será normal que os representantes do povo não tenham um salário condizente com as suas importantes funções? Que um primeiro-ministro ou um Presidente da República ganhe o equivalente a um jogador de futebol da segunda divisão?

Mas por falar em insultos à inteligência das pessoas eis que surge a mais recente moda - bom, não tão recente mas que se pensava já extinta: é proibido ter ambição na política. É normal um gestor querer ser Presidente de um qualquer conselho de administração; é normal um advogado querer ter um escritório melhor e com mais clientes; é normal um engenheiro ter a sua própria empresa de construções. Agora, um político querer ser líder do seu partido ou primeiro-ministro é um crime horrendo. Querer exercer poder, levar a cabo um projecto em que se acredita, é excesso de ambição. Fica mal.

A única coisa digna é esperar que exista uma "vaga de fundo" que obrigue um qualquer homem ou mulher ao terrível sacrifício de exercer as mais importantes funções políticas. Coitados. Eles não queriam mas, pronto, vão-nos dar a suprema graça de nos guiar.

Normalmente são gente sem coragem de vir a terreiro discutir os seus valores e ideias. Gente que se habituou a que lhe entreguem tudo de mão beijada ou que julgam ter um qualquer direito divino ao poder.

Como tudo na vida, é preciso querer, querer muito. É essa ambição, essa vontade que, em grande parte, distingue os grandes políticos dos políticos medíocres.