(Publicado na edição de 3 de Fevereiro de 2005 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
Apesar das ameaças e do clima de terror, a participação massiva dos cidadãos do Iraque no acto eleitoral do último domingo fez lembrar-nos os gloriosos dias do pós-25 de Abril. Que bom é sentir o alvor da democracia!
No meu País, os meus avós tiveram o mesmo prazer do avô iraquiano que beija a urna onde acaba de depositar o seu voto. No meu País, também houve mártires da luta contra o fascismo e o obscurantismo. No meu País, a coragem de uns garantiu a liberdade de todos!
Perante o cenário actual da política portuguesa, é tempo de enfrentar o desânimo e a descrença, é tempo de corrigir o somatório de erros. Portugal precisa de gente determinada e séria à frente dos seus destinos, que trace metas e seja capaz de cumpri-las!
O meio milhão de desempregados e os dois milhões de pobres têm o direito de acreditar que tudo pode ser diferente. Todos aqueles que escolheram o nosso País para procurar melhores condições de vida devem saber que há entre nós quem saiba o rumo!
É tempo de voltar a ouvir falar de solidariedade sem vergonha, de ousar pensar em crescimento sem discriminações, de inovar, competir e formar empresas para criar mais empregos, de investir para compensar lacunas da interioridade!
Que ninguém tenha dúvidas, estamos a atravessar dias difíceis. Depois de conhecer o último relatório da Direcção-Geral do Orçamento e perante a irresponsabilidade das medidas tomadas pelo Governo em gestão, acredito que ninguém tem a verdadeira noção do estado a que isto possa chegar…
Assim, aos portugueses impõem-se duas decisões de carácter individual e inadiáveis, sob a pena de ficarem incapacitados de exigir quaisquer responsabilidades no futuro. Em primeiro lugar, seguindo o exemplo dos fundadores da Democracia, ninguém deve abster-se de exercer o seu direito de voto no próximo dia 20 de Fevereiro. Participar é um dever!
Depois, decidir como valorizar o seu voto, independentemente das opções políticas de sempre ou das tentações da última hora. Aos portugueses, cabe decidir se querem continuar na mesma ou mudar para melhor…
No Algarve, mais concretamente, as opções de voto são reduzidas. Tradicionalmente, apenas o PS e o PSD elegem deputados. Em rigor, nas eleições legislativas, os votos nos restantes partidos não servem para nada. Por isso, a escolha é facilitada, bastando analisar programas e verificar quem está em melhor posição de garantir o seu cumprimento… com verdade e rigor!
Mais do que nunca, é necessário apostar numa estratégia de médio e longo prazo assente no crescimento económico moderado, na gestão criteriosa das finanças públicas e na reforma do aparelho do Estado, no combate à pobreza e à exclusão, no investimento na ciência, no ensino superior e na saúde. É preciso definir e concretizar uma agenda de prioridades para o Algarve. Haja coragem para votar e… mudar!
PS – Para concluir, é meu dever felicitar a equipa que semanalmente coloca nas bancas o POSTAL. Num contexto marcado pela proliferação de títulos, subir ao terceiro lugar das audiências da imprensa regional algarvia é obra!
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