Algarvia da Fuzeta, Maria de Jesus Simões Barroso Soares afirmou-se na vida pública portuguesa pelo seu caráter exemplar e pela dignidade com que enfrentou tempos difíceis e ajudou a construir a nossa Democracia. No momento da sua partida, dedico-lhe o poema "Elegia para uma gaivota", de Sebastião da Gama, sabendo que todas as homenagens póstumas sabem sempre a pouco...
"Morreu no mar a gaivota mais esbelta,
a que morava mais alto e trespassava
de claridade as nuvens mais escuras com os olhos.
Flutuam quietas, sobre as águas, suas asas.
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas, aspergiu-a.
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.
Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
É finalmente sonho puro,
sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos.
Cantos de pescadores, embalai-a!
Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor das velas, embalai-a!
Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
tão misteriosamente, tão insistentemente,
sua presença morta em tudo se anuncia.
Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
é a ordem-do-dia na praia e no mar alto."
Nota final: Minha cara, nunca esquecerei a conversa que mantivemos numa tarde tórrida de 1995 quando inaugurámos a oficina do saudoso Mestre Bartolomeu Cid dos Santos, em Tavira. Ontem, como hoje, Portugal continua a precisar de... MUDANÇA!
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