terça-feira, outubro 12, 2010

Os pontos no i's

Por ter acompanhado na íntegra a grande mobilização regional contra a colocação de portagens na Via do Infante em 2004 e rever-me no comunicado de imprensa agora divulgado pelo NERA - Associação Empresarial do Algarve, deixo-vos o texto na íntegra para reflexão colectiva...

"Afinal a Via do Infante não chega para salvar o país!

As pesadas medidas agora anunciadas pelo Governo para responder à grave situação das finanças públicas, são mais uma prova de que a introdução de portagens na Via do Infante - apresentada como um «acto de justiça» vital para a salvação do país - era apenas uma medida isolada e de eficácia reduzida. É preciso bem mais.
Demonstrado que está que a decisão de introduzir portagens na Via do Infante não está fundamentada em critérios técnicos e económicos válidos, resta-nos concluir, definitivamente, de que se tratou apenas de uma decisão meramente política.
O que é verdade é que o Governo não cumpriu os compromissos políticos que assumiu e cedeu à imposição política do PSD e dos dirigentes do PS e do PSD de outras regiões, baseada na demagogia do «ou pagam todos ou não paga ninguém». A oposição de dirigentes regionais do PS e do PSD, tendo em conta as posições oficiais dos seus partidos, é apenas política e simbólica.

O Algarve tem algumas lições a tirar deste processo.
A primeira é o facto de, mais uma vez, se ter demonstrado o fraco peso político de uma região que, com a sua importante economia, produz riqueza, gera receitas que interessam a todo o país. O poder central decide sem ouvir o Algarve. O Algarve pouco conta, mas a culpa é só nossa.
A segunda é a constatação da inexistência de um verdadeiro espírito regional e o emergir de manifestações de pequenos interesses corporativos de grupo, de cálculos partidários ou de protagonismos políticos pessoais, que pouco têm a ver com os interesses reais da região. Não basta fazer «voz grossa».
É preciso isolar a demagogia. Os empresários pensam pela sua cabeça e não se deixam instrumentalizar.

Que atitude tomar agora?
Antes de mais, é necessário reforçar a convicção de que ainda é possível travar a introdução de portagens na Via do Infante em Abril de 2011.
Devemos ter a consciência de que o contexto, o quadro político – hoje - nada tem a ver com a situação de 2004.

Deve também ficar bem claro que os empresários do Algarve, e desde logo o NERA, continuam a opor-se à introdução de portagens, não para obter privilégios para a região, mas porque consideram que são prejudiciais ao desenvolvimento da economia e ao interesse nacional. A introdução de portagens iria criar obstáculos e incómodos à mobilidade dos turistas e diminuir a competitividade do turismo perante a concorrência.

É útil recordar que, em 2004, foram o NERA e as outras associações empresariais que organizaram, mobilizaram e dirigiram importantes movimentações contra as portagens. É oportuno lembrar aos «esquecidos» que durante muitas semanas estivemos sozinhos e que alguns dos que agora se agitam, ou ninguém os viu ou apareceram no «último dia» … quando a região já estava mobilizada!

Com a convicção de que a introdução de portagens na Via do Infante não só não vai salvar as finanças do país como até vai prejudicar a economia, o NERA mantém a oposição à sua introdução.
As manobras políticas a que assistimos não nos iludem para o futuro, mas gostaríamos de alertar os colegas empresários que a actual conjuntura económica, financeira e política do país pode criar novas oportunidades para travar a introdução das portagens na Via do Infante.
Importa estar preparados e actuar com inteligência.

Vítor Neto
Presidente da Direcção do NERA
8 de Outubro de 2010
"

2 comentários:

Anónimo disse...

Artigo 13.º
Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

"Os pobres dos concelhos ricos vão pagar para os ricos dos concelhos pobres"

Anónimo disse...

É covarde aumentar o IVA no óleos alimentares e não cortar nas reformas acima dos 1500 euros.

Haja vergonha, valores e moral para corrigir injustiças sociais.