(Publicado na edição de 4 de junho do Algarve Informativo)
Seis meses depois, aquilo que parecia improvável para muitos vai consolidando-se na sociedade portuguesa e demonstrando que, mesmo em política, os impossíveis são apenas figuras de retórica destinadas a testar a nossa determinação e reconfigurar os limites das ideologias e das relações interpessoais…
Apesar de ter ficado longe da vitória
eleitoral, António Costa apostou na queda do governo eleito nas urnas em pleno
Parlamento, acreditou numa união das esquerdas representativas da vontade
maioritária dos eleitores e assegurou o seu apoio, logrando fazer algo que os
nossos vizinhos espanhóis demonstraram agora ser uma tarefa hercúlea só
concretizável pelos melhores.
O atual primeiro-ministro português tem
esse mérito, Pedro Sanchez teve a oportunidade de lograr algo semelhante mas
deixou-se enredar na questão catalã e hipotecou o seu futuro político e o do
PSOE. Passados seis meses, Espanha vai voltar às urnas ainda neste mês junho…
Entretanto, Aníbal Cavaco Silva foi
substituído por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém e, ao contrário daquilo que
muitos previam, a relação entre o Governo e a Presidência da República
desanuviou-se como que da noite para o dia.
Com sucessivos apelos ao diálogo,
essencial no atual contexto parlamentar como ficou provado com a solução
governativa encontrada, Marcelo ganhou um papel central na atividade política e
sabe que terá uma palavra a dizer numa crise qualquer que possa surgir.
Contudo, não poderá continuar com este ritmo frenético de declarações e
posições públicas sem correr riscos e fragilizar a autoridade do cargo. Nas
duas últimas semanas, já teve momentos menos felizes e a peregrinação a Berlim
só ajudou António Costa o que, como diria alguém, já não é nada mau!
Seis meses passados, aqueles que
receavam a instabilidade da solução governativa apoiada pelos deputados do
Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Partido
Ecologista Os Verdes no Parlamento já entenderam que não têm motivos para a
recear e, para mal de Pedro Passos Coelho, é o próprio Presidente da República
que dá o seu aval à solução política encontrada para gerir os destinos do País.
Neste curto período de tempo, a maior
parte dele sem um Orçamento de Estado alinhado com os objetivos da nova maioria,
foi possível cumprir alguns dos compromissos assumidos com os portugueses
nomeadamente o aumento do salário mínimo nacional, a diminuição das taxas
moderadoras na saúde, a reversão dos cortes nas pensões e da taxa extraordinária
sobre o IRS, a reposição dos feriados civis e religiosos (favorecendo as pontes
que combatem a sazonalidade da atividade turística), o aumento dos
beneficiários da taxa social de energia, a adoção por casais do mesmo sexo e o
alargamento da procriação medicamente assistida, o acordo com a TAP para a
manutenção de cinquenta por cento de capital pública, a redução do IVA na
restauração ou a reabertura dos tribunais (por exemplo, Monchique e Vila Real
de Santo António no Algarve) encerrados pelo anterior Governo.
Depois do lançamento do SIMPLEX MAIS e da
promulgação do diploma que acelera a contratação de médicos para o Serviço
Nacional de Saúde, vamos ter no dia 1 de julho a reposição das 35 horas na
função pública e a redução do IVA na restauração e, a concluir até as eleições
autárquicas do próximo ano, um processo de descentralização visando a
aproximação das decisões da Administração Pública das populações que delas
beneficiam.
Ainda não será a desejada
implementação da regionalização administrativa constitucionalmente prevista
desde 1976, mas é um passo fundamental para validar politicamente os órgãos de
gestão das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, sendo um sinal
importantíssimo do Estado no sentido de respeitar o princípio da subsidiariedade
e transferir atribuições e competências para uma administração regional até
agora inexistente no território continental. Este é um tempo de confiança e,
cada vez mais, de esperança num futuro melhor!
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